24
Jul20
A margherita primeiro, depois logo se vê...
Rita Pirolita
Em dia de Verão calor envolvente de manta transparente, caminhava eu e o moço por rua calma de meia-tarde quando muito perto de nós, senhora de meia-idade acompanhada de amiga de idade-meia tropeça em protuberância cimentada no passeio, desequilibra-se e cai de fronha em terra batida de relva rapada, rebola que nem tartaruga, levanta meio corpo e de sorriso escarrapachado frisa com alguma malícia e expedita rapidez, que está bem e ainda não foi desta que se juntou aos anjos mas que viu algumas estrelas e passarinhos, lá isso viu, apenas um pequeno corte no sobrolho dá à luz uma linhazinha de sangue que nem é suficiente para escorrer!
A amiga petrificada e lenta na reacção de ajudar no amparo da queda que já se tinha consumado, no pós-traumatismo também não tentou ajuda, já que era o Estica a tentar levantar o Bucha mas para entreter disse-lhe que era melhor ir ao hospital em vez de irem ao bar para onde se dirigiam nessa tarde, ao que a acidentada respondeu prontamente que apesar do costume ser cair quando se sai do bar e não a caminho tinha fortes intenções de não arrepiar caminho e ir beber a agendada margherita que tão bem calhava com o calor que embora não sendo tropical se fazia sentir agradavelmente naquele dia.
Depois de refrescante bebida logo se via se o ferimento era de monta, que pedisse suturação em clinica ou hospital!
Não há queda que desvie uma verdadeira lady do seu percurso em busca de tal hedonismo!
A esta altura tínhamos uma senhora anafada muito bem disposta sentada na escassa relva de sobrolho deitado abaixo, uma amiga esterlicada e atrapalhada a sorrir timidamente, nós os dois e mais alguém que se tinha aproximado a prestar ajuda, ali estávamos divertidos com a conversa a aguardar que sua excelência galhofeira se levantasse para confirmar se caminhava direita pelo menos até ao virar da esquina, o bar era já ali!
Um brinde aos caminhos que se cruzaram e voltaram a descruzar nesse tépido dia!