29
Nov20
Harmonia novelesca
Rita Pirolita
O Natal está a chegar, menos de um mês falta, todos desejam frio para cumprir o uso da lareira e se não houver, será meio-Natal?!
Na serra talvez uns farrapos malucos ao vento que cobrem tudo de tom branco neve, sabem do tom que estou a falar?
Não tão alvo como a roupa que o OMO lava mais branco mas também não tão sujo como casca de ovo ou amarelinho-mijo, branco o suficiente para ferir os olhos quando o sol lhe bate, compõe o ramalhete da cena a manta nas pernas, o gato a dormir aos pés, o livro do ano passado, ver um filme de Natal que passa há 20 anos consecutivos por esta altura!
Será para mim um dia como tantos outros, sem filhos nem família, porque não tenho nem uns nem outra!
Já começo a sentir um mórbido deleite em espreitar imagens de harmonia novelesca para não me sentir tão fora deste mundo, ouvir de quando em vez um coro de sinos na TV, uma música que não seja gritada demais em vibratos e falsetes, hossanas em igreja, ver anúncios estrelados com molduras esfumadas de neve, chocolates, carros e jóias e para terminar, não comer bacalhau, perú, rabanadas, azevias, sonhos ou bolo-rei...
Ou pensavam que também não ia celebrar esta época um pouco à minha maneira? Não celebrando!