18
Out19
Pegada de dinossaura líder
Rita Pirolita
Eu fui uma dinossaura líder. Passo a esmiuçar a sentença.
Certo dia andava eu a saltitar numa tarde quente de verão, quando um trolha que andava a cimentar o passeio à volta do prédio me pediu para chegar perto dele e tirar o chinelo.
Eu, qual princesa morena, sem sapato de cristal, sem príncipe ou carruagem e com um pé enorme para a minha idade mas proporcional à altura, acedi ao pedido, aproximei-me, atirei o chinelo para o lado à rufiona e dispus o meu pé aos encantos das suas ásperas mãos, delicadamente pegou-me pelo tornozelo, levantou-me o pé do chão e com precisão pressionou-o contra o cimento fresco, eu não disse nada mas ele percebeu pelos meus olhos que aquele momento tinha sido de uma importância única e inolvidável para o resto da minha vida...
De facto aqui estou eu a lembrar-me desta passagem como se fosse ontem e se não esqueci até hoje não esquecerei até morrer!
Eu, qual princesa morena, sem sapato de cristal, sem príncipe ou carruagem e com um pé enorme para a minha idade mas proporcional à altura, acedi ao pedido, aproximei-me, atirei o chinelo para o lado à rufiona e dispus o meu pé aos encantos das suas ásperas mãos, delicadamente pegou-me pelo tornozelo, levantou-me o pé do chão e com precisão pressionou-o contra o cimento fresco, eu não disse nada mas ele percebeu pelos meus olhos que aquele momento tinha sido de uma importância única e inolvidável para o resto da minha vida...
De facto aqui estou eu a lembrar-me desta passagem como se fosse ontem e se não esqueci até hoje não esquecerei até morrer!
Se ainda não deitaram o prédio abaixo ou não renovaram o passeio, a minha pegada continua por lá!...
Noutro dia de verão, no mesmo sítio, ou melhor no pinhal onde brincávamos junto aos prédios, um cigano do outro lado do vale, do nada resolveu passar-me uma rasteira, não me lembro se antes lhe tinha feito alguma coisa, se calhar fiz, eu também não era boa de assoar, caí desamparada no chão, quando me levantei ainda atordoada comecei logo a correr atrás dele, ele ao tentar escapar da retaliação foi apanhado por 4 rapazes do meu grupo que o encostaram a um carro e agarrando-o pelos braços o puseram claramente à minha disposição para fazer o que me desse na cabeça, não pensei duas vezes, com a raiva que tinha desatei ao pontapé e à chapada mas passados 3 segundos pareceu-me que a vingança estava feita e a partir dali seria uma injustiça e cobardia continuar a bater em alguém que não se podia defender, assolou-me a pena, fiz sinal para os meus colegas o largarem e lá foi ele para casa a resmungar com promessas de mais violência na próxima vez que me encontrasse, que seria no dia a seguir na escola...
Não aconteceu mais nada entre mim e ele, parece que ficamos quites.
Se na pegada me senti princesa aqui senti-me rainha controladora do povo, dominadora de massas e ideias, capaz de mobilizar ordes de seguidores para atingir os meus fins, qual wonder women com poderes extra-humanos.
Não aconteceu mais nada entre mim e ele, parece que ficamos quites.
Se na pegada me senti princesa aqui senti-me rainha controladora do povo, dominadora de massas e ideias, capaz de mobilizar ordes de seguidores para atingir os meus fins, qual wonder women com poderes extra-humanos.
Foi bom mas ainda bem que eu era apenas uma criança na pequenez do seu poder malévolo e naif!
Esta não seria de certeza uma pegada que eu gostaria de deixar no mundo.
Esta não seria de certeza uma pegada que eu gostaria de deixar no mundo.