O padre do Carnaval
Num outro dia que não este, em que vos escrevia em terras de ursos e veados, castores e esquilos, fui visitar duas pessoas ao hospital que por acaso estavam no mesmo piso, num quarto ao lado uma da outra e até se conheciam, por isso trocaram visitas em modo Vira do Minho e Corridinho do Algarve.
Acredito que se ficassem algum tempo internados, o bar do hospital mudar-se-ia para aquele piso e então frequentado por clientela portuguesa está-se mesmo a ver a festa que daria!
Ora bem, antes de assistir ao forrobodó lá em cima, não deixei de reparar num padre ortodoxo com quem me cruzei e que se parecia mais ou menos com o da fotografia acima mas com um ar ainda mais divertido e gingão.
Ia eu a entrar e ele a sair com um ar feliz da vida, a cantar com sotaque brasileiro, 'Mamã eu quero, mamã eu quero, mamã eu quero...' e lá desapareceu porta fora para o gelado dia que se fazia sentir, impedindo-me de matar a curiosidade de ouvir a palavra 'mamar' saída daquela beatifica boca!...
É verdade, o típico Carnaval brasileiro é tão forte na tradição, que nem com 22º negativos um padre deixou de ser contagiado pelo calor da emoção e nada o impediu que as cordas vocais vibrassem com a melodia mais marota da festa menos ortodoxa, mais pagã, carnal e não cardeal, à face da terra!