31
Mar20
Já que estou aqui a envelhecer
Rita Pirolita
Cada vez mais me vou apercebendo que no envelhecer se perde muito mais do que aquilo que se ganha e o pouco que se ganha já não faz tanta falta e falta força para gozar.
A sabedoria já vem tarde, só não queremos ter dores e chatices, queremos estar e comer como bem nos apetecer com a porra dos muitos limites, porque o corpo já não é o que era.
Podemos ser tão mais livres e deixar de trabalhar mas depois não temos onde gozar a liberdade, com dependências emocionais, se forem monetárias, pior e se forem somente monetárias, muitíssimo pior, de filhos e netos que nos rodeiam, por quem nos sentimos responsáveis e por quem sofremos e nos alegramos em amiúde ansiedade de bem estar.
Neste momento em que ainda não sou velha nem nova, já amaldiçoo a sabedoria da experiência, cada vez menos me serve ou até sobra para uma vida de quem não teve filhos, de quem já superou o choque da violenta morte de uma mãe, que prepara e amacia o pêlo para a do pai mas que ainda me pesa e apoquenta que tenha de passar por ela ou por cuidado e amofinação na doença, por ser a filha única que tem que cuidar se assim for necessário, por obrigação e não por dedicação, a um pai apenas de concepção e não de presença ou educação!
É um misto de desejo que a morte venha e não venha para quem ainda nos prende ou em último caso que nos leve antes para evitar o sofrimento de ver outras!
Sinto-me mais simples até que um dia a morte já só leve um corpo, porque toda a vida já foi gozada mas se a sabedoria me trouxesse mais liberdade, menos amarras a gente que vou chutando para canto, menos chatices de que me vou esgueirando e cobranças que vou evitando, não pedindo favores a ninguém para não ter que retribuir...ah se a sabedoria me trouxesse essa liberdade já me tinha empanturrado e morrido de overdose vital!
A sabedoria já vem tarde, só não queremos ter dores e chatices, queremos estar e comer como bem nos apetecer com a porra dos muitos limites, porque o corpo já não é o que era.
Podemos ser tão mais livres e deixar de trabalhar mas depois não temos onde gozar a liberdade, com dependências emocionais, se forem monetárias, pior e se forem somente monetárias, muitíssimo pior, de filhos e netos que nos rodeiam, por quem nos sentimos responsáveis e por quem sofremos e nos alegramos em amiúde ansiedade de bem estar.
Neste momento em que ainda não sou velha nem nova, já amaldiçoo a sabedoria da experiência, cada vez menos me serve ou até sobra para uma vida de quem não teve filhos, de quem já superou o choque da violenta morte de uma mãe, que prepara e amacia o pêlo para a do pai mas que ainda me pesa e apoquenta que tenha de passar por ela ou por cuidado e amofinação na doença, por ser a filha única que tem que cuidar se assim for necessário, por obrigação e não por dedicação, a um pai apenas de concepção e não de presença ou educação!
É um misto de desejo que a morte venha e não venha para quem ainda nos prende ou em último caso que nos leve antes para evitar o sofrimento de ver outras!
Sinto-me mais simples até que um dia a morte já só leve um corpo, porque toda a vida já foi gozada mas se a sabedoria me trouxesse mais liberdade, menos amarras a gente que vou chutando para canto, menos chatices de que me vou esgueirando e cobranças que vou evitando, não pedindo favores a ninguém para não ter que retribuir...ah se a sabedoria me trouxesse essa liberdade já me tinha empanturrado e morrido de overdose vital!