Precisamos de nos sentir precisados!
De sermos chamados dos melhores pais do mundo, melhores avós, filhos, netos, alunos, amigos, trabalhadores, combatentes...
Precisamos de um papel que nos defina e prenda por prazer!
Precisamos de admiração e aceitação, nem tanto de compreensão, muitas vezes nem nos entendemos a nós próprios ou não queremos, quanto mais os outros darem-se a esse trabalho, tantas vezes inglório, superficial e pouco lucrativo!
Precisamos do mundo para lhe pousar os pés, mais para o espezinhar, coisa que temos feito até hoje de forma magistralmente egoísta mas o mundo não precisa de nós para continuar a girar, nem se rende às nossas guerras e maldade, apenas responde na mesma moeda mas sempre em trocos, porque os grandes diálogos do mundo, são naturais e imprevisíveis, incompreensíveis por mentes tão pequenas como as nossas, encarados como castigos a inocentes. O mais que poderiam ser, era castigos à nossa prepotência!
Temo-nos erradamente em tão grande conta, que achamos que a natureza age apenas para nos martirizar e irritar e não para equilibrar as suas energias, estando nós apenas no seu caminho imparável!
A nossa sensibilidade perdida deu lugar à irracionalidade da religião, da incompreensão da morte, sofrida e chorada e nunca entranhada como transformação incontornável.
Quereríamos nós aproximar-nos de deuses imortais que não existem em parte alguma do Universo?
Só nós inventámos o nosso poder, tão frágil e efémero?
Com tal ruinosa imaginação e falta de senso, os humanos alheados perdem muito em não observar com olhos de ver.
Os animais não racionalizam a morte, já nascem com ela nas entranhas sem saber, esta ignorância pura e primitiva, encerra a verdade do sentido e instinto da vida.
O mundo se-lo-á sempre até à sua extinção e continuará a girar mesmo que não estejamos cá para o chamar pelo nome de mundo.
E assim consegui reduzir a existência humana a pura retórica gramatical!
Os restantes seres, que não aprendam a falar, continuem a sentir e a ser felizes sem saber, a viver num mundo que não lhe sabem o nome! Já agora, para quê?