Tenho vindo a experimentar uma mudança grande nesta fase da minha vida a caminho da menopausa, essa cabra como tantas vezes a chamo mas ela apenas e só cumpre a sua função e até agora tem sido uma operária muito discreta, "BenzaDeus", que continue assim até à reforma que eu prometo compensá-la com um adeus digno para sempre!
Este período, coisa de que espero livrar-me dentro em breve, tem sido repleto de transformações que são novidade, como foi a adolescência, não tão radical a nível físico mas a nível psicológico e de atitude está a ser dasafiante.
Estou a aproveitar cada passo que dou para evoluir e agora faço-o com muito mais consciência e até prazer, dado que me apercebi mais da relatividade, incongruência e fragilidade da vida.
Estou a assumir traços da minha personalidade, que de alguma forma por serem muito fortes, tive que refrear em nome de aparências, que o comum mortal inserido no sistema, trabalhador e cumpridor, tanto aprecia.
Chego à conclusão que exteriorizar e assumir me faz muito mais feliz, não preciso de aprovação contínua como se estivesse sempre sob escrutínio e não ligo a dedos apontados ou cochichos!
Já tudo fazia parte de mim em potência mas agora perdi a pouca vergonha que tinha para o escrever!
Menopausa, o caraças...estou é a aprender todos os dias, a acumular experiência e a livrar-me do que não presta...estou a envelhecer!
Assumo que sou muito social, simpática e divertida, em contactos condenados à partida a serem fugazes, superficiais, de ocasião e momento, tenho a garantia que vão acabar e não tenho o compromisso de conhecer mais quem não me aguça a curiosidade. É bom que as coisas fiquem pelo passou-bem, nome, conversa sobre o tempo e adeus até um dia ou nunca mais, porque me vou esquecer com quem estive.
Sou marcada por acções e momentos pontuais, a contínua alimentação de amizades diárias e profundas é cansativa, trabalhosa e de cobrança vampírica, tudo por subversão dos envolvidos, nunca por culpa da pureza do sentimento em si.
Esta sou eu na minha coerência e sinceridade para comigo, tenho uma memória cada vez mais selectiva e sou daquelas que em vez de viver na cidade e dar uma escapadinha ao campo quando precisa de desanuviar do reboliço, prefiro viver num deserto de planícies, quanto muito com umas dunas, a minha paisagem favorita e quando me apetecer, estabeleço contacto com outros seres humanos, o que raramente se verifica!
Cada vez menos procuro a proximidade ao vivo e a cores com gente, não tenho curiosidade na surpresa nem fujo da desilusão constante, deixo fluir, quem tiver que conhecer, lá me cruzarei!
Não que eu despreze o ser humano, desprezo algumas existências mas também não dependo delas para a minha sanidade mental pelo contrário, infelizmente nos dias que correm, para me sentir limpa e integra tenho que me afastar da sujidade humana que graça em mentes alienadas, odiosas, indecisas, vazias até...
Partilho espaço e vivências com alguém que acabou por chegar também a estas conclusões velhas e gastas mas no entanto fascinantes quando vividas, sentidas e postas em prática, esse alguém respeita o meu caminho porque também sabe muito bem o seu.
Neste aspecto cumpro os requisitos de bom uso das redes sociais, não me refiro ao anonimato, que não muda em nada o que penso ou expresso, sendo tudo assumido, mas refiro-me à distância que me proteje do compromisso falso com gente perdida, que facilmente bloqueio. Não tenho paciência e não me interessa investir em discussões que não me levam a lado nenhum, com gente que além de não perceber, muitas vezes ainda faz pior e teimosamente, não quer perceber!
Não entendo por isso a humanidade...
Passamos de uma fase de peace and love deixada pelos anos 60, para a fase do superficial e descartável, de relações fátuas e procuramos atabalhoadamente ansiosos, a profundidade e nobreza do amor em impessoais e frios contactos em redes sociais.
A mim agrada-me este contacto global e disperso, para me informar ou desinformar, para aprender ou me irritar mas também o inerente distanciamento que uso em pleno, no entanto a maioria parece andar baralhada e não saber o que quer nem onde procurar...e o que essas alminhas se queixam da sua condição, que nem desgraçadas vítimas, do desamor dos tempos que correm?!