Temos conhecidas de vista, aturáveis, conhecidas por arrasto ou solidariedade com amigos nossos, conhecidas do trabalho e depois vários níveis de amigas.
Já tentaram catalogar os vários tipos?
Eu vou tentar sem me rir muito.
Aquela amiga que já pensa ter intimidade suficiente para nos tocar e estar constantemente a tirar cabelos, migalhas de bolacha ou borboto da nossa roupa.
Há aquela que só se dedica a sacudir a caspa dos ombros e aproveita para nos recomendar a melhor marca de shampoo anti-caspice ou a não usar blusas escuras.
A que se acha a maior sumidade com direito a MBA na área da amizade, reclama exclusividade em saber os nossos segredos mais obscuros e íntimos, tem que saber quem namoramos antes do próprio namorado, fica ciumenta se damos mais atenção a outra, chora no nosso colo porque já não sente que é a melhor e única amiga e nós lá temos que a confortar sem que perceba que boas amigas vão-se encontrando ao longo da vida e ninguém tira o lugar a ninguém.
Estas amigas não percebem que o coração não tem compartimentos e mesmo que tivesse, quando está tudo ocupado, arranja-se sempre lugar para mais um inquilino.
As amigas que só nos procuram quando têm problemas com o namorado ou estão sozinhas e querem ir sair nem que seja ao centro comercial, a ver se arejam a solidão patarecal e quem sabe arranjam macho, conforme o nível de desespero, às vezes até marcha o rapaz do totoloto.
As que se estão a candidatar a grandes amigas e vão fazendo leves incursões nas nossas rotinas com mexericos como desbloqueadores de conversa. Só cai na armadilha quem quer!
Há umas de quem continuamos amigas porque o rapazito com quem andam é mais interessante que ela e até chegamos a pensar que não o merece e que nas nossas mãos estaria mais bem entregue. Nunca temos intenção de desfazer lares mas às vezes eles também chegam às mesmas conclusões que nós e a coisa até se proporciona, perdemos uma amiga e ganhamos um curto mas bom período de diversão.
Aquelas que ficam chateadas por virem a saber que o moçoilo com quem andam já passou pelas nossas mãos e têm nojo de comer restos.
Aquelas que são tão chatas, narcisistas e mimadas que só servem para ir ao centro comercial em dias que só nos apetece beber um café e ver montras sem a intenção de comprar seja o que for, porque o guarda-fatos lá de casa já rebenta pelas costuras.
Nestes dias tomamos a decisão anual de dar roupa para a igreja, para nos sentirmos melhor com a desculpa de ajudarmos os mais necessitados, quando o que queremos mesmo é renovar os trapos e passamos nós a fazer de princesas pobrezinhas, sempre a queixarmo-nos que não temos nada para vestir ao olhar para um roupeiro quase vazio, isto na perspectiva de quem tem tudo o que quer e até demais.
Aquelas que estão sempre a cobrar saídas porque estão sozinhas e nós arranjamos namorado há pouco tempo, estão-se sempre a insinuar, até parece que invejam a quantidade de quecas que damos. Elas quando estão acompanhadas ainda fazem pior, só voltam a dar à costa todas chorosas, quando os gajos lhes dão com os pés porque voltam para a ex ou porque acabam por confessar que são casados e têm uma família numerosa ao estilo africano.
As peganhentas, que num par de meses de amizade já nos tratam por 'migas' ou 'quiduxas'.
A amiga beta que está sempre a criticar tudo o que vestimos, calçamos, cabelo, make up, unhas, postura...e diz que só o faz para nosso bem, para termos um ar decente e não brega, quando o que a corroí é a inveja desmedida do nosso corpo e das nossas conquistas.
As que se aproximam porque vêm que temos muitas 'connections' e através de nós acham que até podem arranjar emprego, gajo ou entrar nos sítios da noite frequentados por betos da linha com graveto.
No fundo estas são todas amigas 'contrafeitas'!!!
A verdadeira amiga é tão autêntica que não existem palavras para a descrever, já todos sabemos o blá, blá, blá de trás para a frente - 'está lá sempre e quer se queira quer não, diz o que pensa mesmo que faça mossa.'