12
Mai19
O Retiro
Rita Pirolita
Rentabilize o seu tempo, não faça nada, faça jejum, limpeza espiritual, durma em cima de tábuas, faça silêncio e ouça a sua alma respirar, tudo isto como se estivesse no conforto da sua casa e pela módica quantia de 500€ o fim-de-semana.
Ainda bem que isto é caro e por isso só dirigido a pessoas que não têm dificuldades em sobreviver, o comum dos mortais com pouco dinheiro, dorme que nem uma pedra ou sofre de insónias, cansaço do trabalho e de aturar filhos, come com um orçamento apertado o que o obriga a uma ginástica mental capaz de atrasar o aparecimento de Alzheimer, acorda sem paciência para as filas de trânsito ou para aturar o patrão, não há tempo nem para invocar Buda ou dizer Namastê pela manhã mas lá vai lutando pelo tempo que encurte até à reforma.
Ele há pacotes de yoga+surf, para grávidas, para rir, suspenso, suspenso a beber cerveja, em cima da prancha de paddle, palestras de coaching espiritual, livros de auto-ajuda tão repetitivos e enfadonhos que concluímos que tudo se poderia resumir a um panfleto de uma página ou nem precisava de ter sido escrito.
Tudo tem níveis de evolução com preços diferentes e quando somos virgens nestas andanças se não tivermos cuidado fazem-nos sentir burros, sobretudo com a pergunta 'o que andamos cá a fazer?' Acham que se andássemos cá a fazer alguma coisa de jeito já não tínhamos encontrado a resposta?...
Qualquer tentativa de denunciar estas actividades por extursão nunca resultará porque só lá vai quem quer, como os bruxos e demais charlatães - "Traz até mim o teu dinheiro, assim ficas com menos para gastar em coisas que não te trazem felicidade e eu sei dar-lhe melhor destino."
Já todos sabemos o fim infeliz que muitas seitas tiveram e cujos mentores apenas queriam satisfazer os seus desejos mais doentios, numa tentativa de se iludirem e iludirem os seus seguidores de que tudo era em nome do bem e da salvação.
Tudo tem níveis de evolução com preços diferentes e quando somos virgens nestas andanças se não tivermos cuidado fazem-nos sentir burros, sobretudo com a pergunta 'o que andamos cá a fazer?' Acham que se andássemos cá a fazer alguma coisa de jeito já não tínhamos encontrado a resposta?...
Qualquer tentativa de denunciar estas actividades por extursão nunca resultará porque só lá vai quem quer, como os bruxos e demais charlatães - "Traz até mim o teu dinheiro, assim ficas com menos para gastar em coisas que não te trazem felicidade e eu sei dar-lhe melhor destino."
Já todos sabemos o fim infeliz que muitas seitas tiveram e cujos mentores apenas queriam satisfazer os seus desejos mais doentios, numa tentativa de se iludirem e iludirem os seus seguidores de que tudo era em nome do bem e da salvação.
Se isto é tão importante e natural porque não promovem encontros gratuítos, na India não há cá frescura, ninguém pode pagar e os gurus estão na rua a receber a comida que quem passa pode dar, emborcam arroz com caril até ao fim da vida, mantêm-se magros porque comem quando há e o jejum forçado abre portas à clarividência espiritual.
Sou muito boa a fazer nada, não passo fome com comida à frente, é uma ofensa para quem não tem o que comer, cada vez falo menos porque aprendi que só traz vantagens e quase sempre me falha a paciência para ouvir gente, durmo que nem um passarinho, respiro muito bem porque desde que nasci fui obrigada a fazê-lo e não desperdiço dinheiro, muito menos em promessas vãs.
A felicidade é uma perspectiva e cada um com a sua, não se compra nem se ensina, quando pensas que és feliz...já foste!