04
Ago20
Não é Impulse
Rita Pirolita
Quantas vezes sentimos um aperto no peito quando vemos alguém caído no meio da rua numa qualquer cidade, a precisar de ajuda e todos passam e ninguém liga?...
Sociologicamente ou mais patologicamente falando, está explicada e catalogada esta atitude de merda, não tens que ajudar quem não vês que precisa!
Mas os poucos que são impelidos a deitar uma mão e a oferecer a ajuda que estiver ao seu alcance, fazem-no movidos pelo quê?
Existe pura acção instintiva de protecção e ajuda ou apenas intenção de gesto?
Parece-me que o mais que nos move é uma bondade encapotada, gesto irreflectido, um misto de carinho com pena que nos invade ao imaginarmos os nossos mais chegados ali caídos, a precisar de ajuda e se tantos passam e ninguém faz nada, vamos sentir uma revolta e uma vontade de gritar às pessoas para pararem um pouco e reflectirem no que não estão a fazer, que não vêem de propósito porque viram a cara para o lado e fazem-se de insensíveis cegos!
Por isso o altruísmo e solidariedade de dar sem esperar receber que tanto queremos à força enfiar na parca lista de qualidades ditas humanas, também aqui não encaixa e acabamos por ver alguma réstia de altruísmo como característica canina que também se mostra enganosa ao confirmarmos que o cão actua automaticamente por recompensa de acções, obtendo assim o que quer.
Então se calhar é melhor ver mais altruísmo imparcial e descontraído no inocente acto higiénico do cão que sem culpa ou vergonha lambe os próprios genitais à nossa frente, que nós em ajudar um desconhecido?!...
E não, isso não é Impulse!
Então se calhar é melhor ver mais altruísmo imparcial e descontraído no inocente acto higiénico do cão que sem culpa ou vergonha lambe os próprios genitais à nossa frente, que nós em ajudar um desconhecido?!...
E não, isso não é Impulse!