21
Jul20
Hipocrisia e compaixão
Rita Pirolita
Se não fizemos nada para que os incêndios de origem natural ou criminosa deixassem de ser uma tragédia e não uma mudança na paisagem que conseguimos controlar porque se passa cá em baixo e ainda lhe podemos deitar a mão, então agora é só fazer o contrário ou outra coisa ligeiramente diferente para melhorar a situação.
Se continuamos a responder a acções de solidariedade com tal superação de expectativas que chovem elogios ao povo português, conseguiremos manter isso todos os dias e não só pontualmente para nos sentirmos bem com a ilusão que somos boas pessoas e de uma forma egoísta confirmarmos que não nos aconteceu a nós, que estamos melhor porque estamos vivos e os nossos amigos e familiares também.
A cada ano as famílias atingidas irão continuar sem casa ou se as voltarem a pôr de pé, desenrascam-se sozinhos ou com ajuda de bondade alheia, porque o Estado está sempre à espera de ajuda comunitária e a que chega na altura das tragédias já alguém meteu ao bolso.
O que se passou na Madeira com as chuvas e os incêndios é um bom exemplo do mau exemplo!
A cada ano as famílias atingidas irão continuar sem casa ou se as voltarem a pôr de pé, desenrascam-se sozinhos ou com ajuda de bondade alheia, porque o Estado está sempre à espera de ajuda comunitária e a que chega na altura das tragédias já alguém meteu ao bolso.
O que se passou na Madeira com as chuvas e os incêndios é um bom exemplo do mau exemplo!
Se as consequências desastrosas não resultassem do abandono das gentes e ganância de poucos, que nestas alturas aparecem sempre com discursos de fazer sociedades e recorrer a fundos europeus para avançar com as criativas medidas para sanar o problema, com menos palavras e mais vontade tudo estaria num melhor caminho.
A fala dos jornalistas e as imagens dos repórteres são cada vez mais movidas por guerras de audiências das televisões com tragédias e quantidades inaceitáveis de mortos, choca e muito.
Parece que quem dá as notícias é obrigado a esquecer sensibilidade e bom senso, ao lado de cadáveres ou a proferir palavras como 'giro' ou 'pormenor engraçado'.
Parece que quem dá as notícias é obrigado a esquecer sensibilidade e bom senso, ao lado de cadáveres ou a proferir palavras como 'giro' ou 'pormenor engraçado'.
Somos capazes de ajudar e dizer 'que horror' perante tal tragédia, mais ainda porque foi com os nossos e aqui perto? Somos pontualmente capazes de dar a roupa do corpo, oferecer água, comida e casa.
Se todos fazem o que podem e muito mais, porque não melhoram as coisas?
Porque uns deixam arrastar e adensar os problemas e muitos outros, que serão sempre poucos, combatem tamanha desgraça resultante de tamanha ignorância?
Porque somos hipocrisia e compaixão num equilíbrio precário de quem renasce sempre dolorosamente das cinzas!
Se todos fazem o que podem e muito mais, porque não melhoram as coisas?
Porque uns deixam arrastar e adensar os problemas e muitos outros, que serão sempre poucos, combatem tamanha desgraça resultante de tamanha ignorância?
Porque somos hipocrisia e compaixão num equilíbrio precário de quem renasce sempre dolorosamente das cinzas!