28
Fev20
Fogo-fátuo
Rita Pirolita
Será que acredito que existo?
Sempre senti que o conhecimento já veio agarrado a mim desde o momento da parição mas a existência sempre teimou em afastar a realidade.
Sinto-me num corpo desalmado, que flutua e vê de fora por dentro, que julga a justeza de seres alheios que tenta expiar os males do mundo como um redentor que sofrendo as dores de outros, purifica e alivia quem em desespero de guerra e doença luta por ficar vivo.
Será que é assim tão importante ficar por este mundo o máximo de tempo que conseguirmos a fintar a morte?
Quase todos acreditam noutra dimensão mas ninguém nunca teve confirmações do além a não ser inventadas, nunca nada vem de luz divina fora da nossa imaginação.
Que Deus tão fogo-fátuo que vive no nosso meio, inventado à nossa medida e nos abandona na morte, quando o deixamos de pensar.
E se não acredito em mundos divinos e sim num Universo matemático, porque me sinto fantasma desta terra, observadora a planar por cima de catástrofes e a chorar da pena que sinto do sofrimento que não acaba, pela recusa do simples e Belo, que a humanidade sempre teve de graça mas nunca aproveitou até hoje?...