Escritorzecos
Há uma estrondosa diferença e abismo entre aquilo que um escritor quer deixar escrito só para alguns lerem e compreenderem, mediante o nivel de erudição, os amiguinhos e aquilo que realmente quer dizer!
Cairão alguns na triste e veridica ideia que pobre é mal formado e não lê nem tão pouco se importa com cultura, dêem-lhe Fátima, novelas e futebol e estará satisfeito entre meia dúzia de amigos e umas grades de minis! Não foi nem é assim comigo ou seja, fui pobre e li Nietzsche aos 12 anos, gostei e compreendi, não serei pussidónia a escrever e em muitos casos, salvo raizes ancestrais que muitos autores estudam, se ler alguém que use palavras daquelas de marca, carissimas, frases longas, densas e quase ininteligíveis até para o próprio que às vezes até dá a impressão que se perdeu na escrita e vaidade da demonstração, parece-me sempre que se está a armar aos cucus, mais esperto, é o que pensa ser!
Que mal existe em escrever sobre uma panela de ferro de 3 pés, da fogueira, do gato e do raio da velha, que mal tem observar e desenhar em palavras o normal e compreensivel para todos?
Para que dificulto eu a chegada às minhas histórias?
Já não será mistério bastante não conhecer o autor das obras, não lhe puder responder ou ripostar, pôr em causa e até às vezes dar-lhe uns safanões, não cheguemos a tanto, queremos ser civilizados e é uma forma de dizer ou melhor de escrever mas que muitos me enrodilham a língua e me apetece degladiar em gritos de exclamação, reticências de engasgamento, esses sim, são os que com simples palavras me bagunçam toda e dito isto, um exemplo, Clarice Lispector.
Os autores têm que viver para lá do que deixam dito, mesmo escritos de décadas ou séculos, quando é bom não deixa de ser lido, de fazer sentido e de dar novos sentidos a outras vidas!