25
Abr19
25 de Abril e campónios
Rita Pirolita
Já sem o Salazar na terra vinha gente para Lisboa em busca de tudo sem saber o que esperar, alguns da olissiponense capital entretiam-se com pombais encarrapitados em prédios pejados de antenas de braços múltiplos, espantadas em formato espinha de peixe ou laçarote.
Quem por lá aterrou espavorido por néons e azáfama, trouxe hábitos às costas e nas mãos o calejo do campo, hortas à beira do asfalto, couves-árvore, porcos e galinhas, piqueniques de garrafão...
A cada feriado de santos ou épocas festivas chegavam comboios de menos gente que cestos de verga e embrulhos de papel pardo, o cheiro a fumeiro misturava-se ao suor e pó fuligento.
A cada feriado de santos ou épocas festivas chegavam comboios de menos gente que cestos de verga e embrulhos de papel pardo, o cheiro a fumeiro misturava-se ao suor e pó fuligento.
O provincianismo da sopeira casava com a brejeirice marialva do velhaco e apartava-se dos camaradas do 'pá'.
Pouco mudou e nada acabou logo ali à meia-noite de 25 para 26, finou-se o ditador por desacertar o rabo do assento para se multiplicarem sedentos ditadorzinhos de pelourecos!