De África a Viseu
Depois de pouco menos de duas dezenas de anos D. Armina devia trazer África do Sul no coração e restante corpo mas não, viveu o Apartheid, embora não concordando, sem grande comoção, por hábito, gostava era de Viseu de dias quentes no Verão, numa aldeia sem rio por perto. Mulher de coração arritmico em acidente perdeu o marido em 5 minutos, chorou 5 anos, 5 minutos e 5 segundos, levantou-se da vida com tristeza mas sem amargura. Mulher pequena e ladina, esclarecida, lúcida e moderna, quase a bater os 90 anos tinha a energia de 100 homens, na família, como em todas, diluíram-se estes genes, irrecuperáveis para todo o sempre. Praguejava aos felinos caseiros e logo a seguir mimava-os sem fim com patês de salmão e muitas festas, especialmente um arraçado de siamês, viseense como ela que dizia iria morrer na terra que o viu gatar ao mundo.
Vivia dias solitários, sem sono, com apetite, precisava de falar se estivesse acompanhada e continuava a falar quando sozinha, não se detia, nada a detinha, se queria ver feito fazia, nunca se queixava de dores, desacreditada da igreja, de Fátima e dos padres recordava os conselhos do marido como actuais, se ele cá estivesse fazia assim ou dizia assado...