Expliquem-me a necessidade de vir para as redes sociais expor as tendências/escolhas sexuais, relatar a altura em que sairam do armário e disseram à família e amigos mais próximos? Sexo, amar, gostar seja o que fôr é para fazer e viver ou para mostrar aos outros? É uma necessidade de se auto-excluirem, vitimizarem colocando rótulos a si próprios de pertenças a grupos? Já ninguém quer ser livre e único? Querem todos descriminar a discriminação?
Sim decidi escrever a minha visão sobre este assunto que parece tão moroso e delicado de tratar mas depois é dado à brejeirice pelos próprios. Lamento reconhecer mas vivemos numa época de extrema confusão em que a maioria pensa numa liberdade tão mirrada que a caixa pequenina onde se mete nem um vislumbre de prisão lhe parece. Assim vai a sua existência, classificados como galinhas de aviário, a que esgravata com a pata esquerda é de uma categoria, a que o faz com a pata direita é de outra mas se fizer com as duas, esperem aí num cantinho que ainda vamos criar uma nova categoria e inventar um nome, só para não se sentirem outsiders e ficarem bem controlados e encaixadinhos na sociedade, ora isto comparado é como alguém deprimido que leia um livro sobre distúrbios ou patologias psicológicas, ficar com a sensação que tem tiques de tudo um pouco e que está a caminho de desenvolver uma paranóia grave, ler o mesmo livro sem estar deprimido apenas nos faz concluir que todos temos potencial para ser muita coisa má que mais prejudica ao próprio até ou dar o pontapé na vida e sentir que podemos transformar tudo numa miríade de possibilidades de escolha no nosso percurso.
Chegada a este ponto cumpre falar da ideia de aceitação pessoal, deixa a maioria que lhes virem a cabeça e muitos fazendo mudança de sexo ou cirurgias a camuflar o envelhecimento estão a anular o seu passado, a deixar para trás a liberdade de um corpo natural e a meterem-se na prisão de espera e sofrimento de um corpo artificial, feito à medida de uma cabeça manipulada e confusa a que os cirurgiões nunca dizem não para assim continuarem a assinar obras experimentais em corpos humanos e a ganhar ao mesmo tempo rios de dinheiro!
Pensa a maioria que se estiverem associados a uma classificação estão mais protegidos do mundo, evitam assim conviver com os demais com escolhas diferentes, a inclusão é uma miragem, cada grupo se sobrepõe ao outro em reivindicações, em marchas de orgulho que mais descredibilizam a seriedade da sexualidade de cada um, existe uma fábula vivencial, um circo que transfere para o dia-a-dia, exposição manietada, exibição de corpos e gestos que não reclamam respeito nenhum. Aprender a aceitar o que a natureza nos dá é ter mais tempo de exploração numa vida, cortar essa informação a meio do percurso é reprogramar e baralhar, nunca será nascer outra vez.
Mais uma vez abordo a questão da responsabilidade, assumir o que somos fruto das nossas acções, se diz quem tem necessidade de assumir perante o mundo a sua condição sexual, que isso lhe levou algum tempo de reflexão e escolha até, é porque não se é livre em aceitar, tem que se encaixar num nome, num trejeito, numa intenção, ninguém quer saber se vocês são de relações estáveis ou não, façam tudo de forma convicta e por vontade, sem enganos para os outros e mais importante sem enganos para vocês próprios.
Sendo uma mulher e depois de muito insistir para parecer um homem não me devo convencer que passadas muitas tomas de hormonas e barba a crescer passarei a ser um homem, não, vou viver e morrer como mulher sempre!
É triste mas acaba por se perceber que as pessoas são menos felizes do que tentam parecer e sim estão sós, vazias e com uma sede de aceitação e justificação da sua existência ao mundo que me parece atabalhoada e fora do sítio! Precisam de ser amados e saber amar, como nada têm, venham os likes virtuais que parece os satisfazem qb! A mim descansa-me mais que as pessoas estejam felizes...
A exposição não vai mudar a mentalidade dos homofóbicos, poderá encorajar outros a assumirem-se? Não sei, é um processo e evolução tão pessoal que não deve merecer tal exposição a desconhecidos virtuais e a verdadeira intenção nunca chega a países onde ainda matam por isso!
Ninguém é mais diferente e somos todos diferentes! Já tudo existe desde sempre a humanidade é que põe amarras e rótulos para depois ter a sensação que se liberta, quando já se nasce livre! Cada um que ame livremente sem rótulos, que não se precise de fazer match no Tinder e encaixar num perfil!
Porque vivemos na ofensa provocada da palavra e não na essência da acção, queremos tudo agora e já, não se pode pensar que um gordo que passe por nós é gordo? Mas posso desejar mal ao vizinho e não apanhar o cocó do meu cão? Tenho que ter pena do gordo ou espero que ele descubra o mais rápido possível que ser assim não é saudável e que se chegou ao estado em que está por insistência em comer, o reverter da situação se dará por insistência em comer menos? Temos que gostar de nós ao ponto de reconhecer a situação e melhorar, não devemos gostar num amor próprio cego que leve à apologia de pouca saúde mental e física.
Deviamos ser responsáveis pela nossa felicidade, seríamos tão mais livres!